A Academia Brasileira de Letras elegeu no dia 27 de junho, o novo ocupante da Cadeira nº 36, na sucessão do jornalista João de Scantimburgo, falecido no dia 22 de março deste ano, em São Paulo. O vencedor, com 34 votos, foi o sociólogo e professor Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República em dois mandatos consecutivos (1995 a 1998 e 1999 a 2002). O eleito, imediatamente após o resultado, recebeu seus confrades e convidados na Fundação Eva Klabin, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. O novo Acadêmico recebeu 34 dos 39 votos possíveis. Votaram 24 Acadêmicos presentes e 14, por cartas. Houve uma abstenção.
"Essa eleição é um ato de respeito da Academia Brasileira de Letras à inteligência brasileira. A grande obra de Fernando Henrique Cardoso de sociólogo e cientista dá ainda mais corpo à Academia", afirmou o ex-presidente da ABL, Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, logo depois da eleição, ainda no Petit Trianon.
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O novo Acadêmico
Fernando Henrique Cardoso foi Presidente da República em dois mandatos sucessivos (1995-1998 e 1999 - 2002). Doutor em Sociologia e Professor Emérito da Universidade de São Paulo, a obra de Cardoso abrange os campos da sociologia, ciência política, economia e relações internacionais.
Dentre outras instituições acadêmicas, foi professor nas universidades de Stanford, Berkeley e Brown, nos Estados Unidos, Cambridge, no Reino Unido, Paris-Nanterre, Collège de France e Maison des Sciences de L’Homme, na França, FLACSO e ILPES/CEPAL, em Santiago do Chile, bem como na Universidade do Chile. Ex-Presidente de Associação Internacional de Sociologia, é autor ou coautor de 23 livros e de mais de cem artigos acadêmicos. Seu livro Dependência e Desenvolvimento, publicado originalmente em espanhol em 1969, em coautoria com Enzo Falletto, é um marco nos estudos sobre a teoria do desenvolvimento, com dezenas de edições em 16 idiomas.
Participante ativo dos movimentos pelo restabelecimento do Estado de Direito no Brasil, envolveu-se com a política no final dos anos 70. Foi Senador pelo estado de São Paulo, Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda, elegendo-se Presidente no primeiro turno da eleição de 1994. Sua trajetória como político foi consistente com sua vocação de intelectual comprometido com a defesa da liberdade, promoção da democracia e construção de uma ordem internacional mais justa. Ao término do mandato presidencial, Cardoso dedicou-se até hoje à promoção da paz, democracia e justiça em escala global. É membro do The Elders, grupo de dez líderes globais criado por Nelson Mandela para defender a paz e os direitos humanos.
Seus livros mais recentes são O presidente e o sociólogo (1998), A arte da política (2006), The accidental president of Brazil (2006), Cartas a um Jovem Político (2008) e A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80 anos (2011). Seu último livro é Pensadores que inventaram o Brasil. Recebeu inúmeras honrarias e condecorações, sendo de destacar, no Brasil, a Ordem do Mérito, e no exterior, a Grã Cruz da Legião de Honra da França, o grau de cavaleiro na Ordem de Bath, na Inglaterra, as várias distinções recebidas de Portugal (Grão Cruz da Ordem Militar da Torre e da Espada, além da Ordem da Liberdade) e da Espanha (Grã Cruz e Colar de Isabel, a Católica). Quase todos os países da América Latina, do mesmo modo, distinguiram-no no mais alto grau.
Dentre os doutorados Honoris Causa que recebeu, contam-se os das Universidades de Bolonha, Salamanca, Cambridge, Oxford, London School of Economics e Lyon, na Europa, Rutgers e Brown, nos Estados Unidos, Quebec e London, no Canadá, bem como as Universidades do Chile e de Moscou. Em 2012 Cardoso foi agraciado com o Kluge Prize da U.S. Library of Congress for Lifetime Achievement in the Study of Humanity, a mais prestigiosa distinção na área das ciências humanas.
28/6/2013
27/06/2013 - Atualizada em 26/06/2013