O Secretário das Nações Unidas para a Guiné-Bissau e Prêmio Nobel da Paz, o timorense José Ramos Horta, defendeu na Academia Brasileira de Letras, o fortalecimento da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP), para dinamizar a integração entre povos lusófonos. Ele lembrou que Timor Leste assumirá a Presidência da CPLP no ano que vem: “Será uma grande oportunidade para que utilizemos toda a moderna tecnologia em benefício da divulgação e da conscientização dos jovens sobre a importância da Comunidade”.
A afirmação de Ramos Horta foi feita durante mesa-redonda, coordenada pelo Acadêmico e embaixador Alberto da Costa e Silva, por ocasião do lançamento, no dia 15 de agosto, quinta-feira, na Sala José de Alencar, do livro Timor Amor, do poeta português Ruy Cinatti, organizado por Vasco Rosa. Estavam presentes ao evento as Acadêmicas Ana Maria Machado, Presidente da ABL, e Nélida Piñon, assim como os Acadêmicos Cícero Sandroni, Evanildo Bechara e Domício Proença Filho.
José Ramos Horta, durante sua fala, não poupou elogios ao diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, falecido em Bagdá, no dia 19 de agosto 2003, há exatamente dez anos, por causa da explosão de uma bomba no Hotel Canal, que abrigava funcionários do Hotel Canal da ONU naquela capital. O atentado é considerado até hoje o mais sério ataque à Organização desde sua fundação em 1945, no qual 22 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas.
Sérgio Vieira de Mello era alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e representante especial do Secretário-Geral da ONU no Iraque: “A trajetória de Sérgio foi das mais importantes, principalmente como mediador de conflitos. Foi, juntamente com timorenses, um líder no processo de independência do Timor Leste”, lembrou José Ramos Horta.
O livro Timor Amor é a primeira publicação dedicada à obra de Ruy Cinatti no Brasil. Trata-se de uma antologia organizada por Vasco Rosa e nela estão alguns de seus escritos sobre Timor, onde ele desenvolveu uma intensa atividade de reconhecimento da ilha, além de explorações botânicas e florestais. Sua vivência na e com a ilha dá forma a uma obra poética original: “Vivo as paisagens ao sabor dos afetos da alma. Sinto-as mais ou menos como sinto a sede, a fome ou outro qualquer desequilíbrio fisiológico, com a diferença de que a alma não tem limites nem tempo para se saciar. É como se a elas me prendessem – filhos da mesma mãe –, igual cordão de placenta e o sangue vibrasse unânime às diversas reações que as perspectivas, formas e coloridos possam despertar. Daí o sentir-me igual, quer me encontre num deserto frente ao magnificente mistério dos astros, quer como elemento contemplativo no organismo vivo da floresta tropical”, escreve Cinatti num de seus textos selecionados para o livro.
Participaram da mesa-redonda, além do Acadêmico Alberto da Costa e Silva e de José Ramos Horta, Letícia Villela Lima da Costa e Gisela Pinto Zincone, da Editora Gryphus, responsável pela publicação do livro. Compareceram também ao lançamento o Embaixador de Portugal, Antonio de Souza e Silva; Embaixador Domingos de Souza, representante de Timor no Brasil; Cônsul de Portugal, Nuno Ramos; Professor Severino Cabral; Jornalista Wilson Figueiredo; psicanalista Miguel Sayad; escritora Lilian Fontes; escritora Regina Bilac Pinto; e o músico e compositor M Carvalho.
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19/8/2013
19/08/2013 - Atualizada em 18/08/2013