Leia o artigo "Dois centenários", do Acadêmico Carlos Heitor Cony, publicado no dia 26 de janeiro de 2010.
Dois centenários
Todos os anos há uma série de centenários que merecem ser comemorados. Tivemos o de Machado de Assis e o de Euclides da Cunha. Agora, em 2010, já estamos lembrando outro gigante de nossa história, o pernambucano Joaquim Nabuco, que atuou na diplomacia do Império e da República, foi fundador, com Lúcio Mendonça e Machado, da Academia Brasileira de Letras e marcou um dos momentos mais brilhantes de nossas relações exteriores, ao lado de Rio Branco e Ruy Barbosa.
Para festejar um de seus principais fundadores, a ABL está promovendo uma série de palestras, sendo que a primeira esteve a cargo do ministro Celso Amorim. Foi uma aula magna diante de um plenário lotado, que o aplaudiu de pé. Para todos os efeitos, Nabuco marcou um padrão de diplomata e de escritor que raramente encontramos em outros países.
Outro centenário que a ABL vai comemorar neste ano é o de Noel Rosa. Bastante estudado pelos especialistas, Noel entrará postumamente numa academia de letras por mérito e gosto. No ano passado foi a vez de Villa-Lobos, e nada demais que o poeta da Vila receba a homenagem e as palestras que serão feitas em sua memória.
Juntar Nabuco e Noel num mesmo ano de comemorações pode parecer uma extravagância acadêmica, mas não se pode negar a importância dos dois na formação de nossa cultura e de nosso afeto.
Tomei conhecimento dos dois ainda em criança, lendo na Antologia Nacional, de Fausto Barreto e Carlos Laet, um trecho de Minha Formação, o livro de memórias de Nabuco. Na mesma época, fiquei comovido quando ouvi "As Pastorinhas", que até hoje mexe aqui dentro comigo. Mas o grande legado de Noel são suas letras magistrais, anúncio do modernismo e do estilo carioca de caminhar pela vida.
Carlos Heitor Cony
Jornal do Commercio (RJ), 26/1/2010
25/01/2010 - Atualizada em 25/01/2010