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Artigos

  • O Parlamento e as raposas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/09/2004

    A sobriedade do parlamento inglês foi submetida a uma prova de bagunça. Nada mais nada menos que por causa das raposas. Os tradicionais guardas vestidos de preto e cabeleiras brancas metidos num qüiproquó entre os caçadores de raposa que não queriam deixar que o Parlamento proibisse a sua caça e uma multidão irada que fora gritava: "Queremos matar raposa!". Os parlamentares de dentro: "Raposa viva, sem cachorros as perseguindo!".

  • Rato sem luvas

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 10/09/2004

    Hoje vou entrar no assunto do Delfim, o mestre dos mestres em economia. Acabo de ler nos jornais sobre um assunto complicado, que não consegui entender completamente: as economíadas, mistura de economia com olimpíada.

  • Jeca Tatu e Johnnie Walker

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 03/09/2004

    Hipocondríaco como eu fica fascinado com notícias de descobertas de medicamentos milagrosos. Há sempre um público muito grande para elas. As revistas semanais, quando o tempo de notícias é de vacas magras, saem com capas com "métodos ultramodernos de emagrecer", "perder peso comendo e bebendo", regimes de bifes de soja, carboidratos e criam sonhos de enganar a balança. Outras notícias que não falham no interesse público são as maravilhas das operações plásticas, as silhuetas esculturais milagrosas e o fim das rugas e dos vincos da face, celulite e velhice: botox, colágeno, ácido hialurônico.

  • Brasil no Olimpo, sem futebol

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 20/08/2004

    A bola da vez é a Olimpíada. Não temos ganhado medalhas, mas estamos felizes dentro das competições, e nossos locutores, de pulmão cheio, proclamam: "O Brasil não é só o país do futebol, mas de Olimpíada", embora a nossa equipe campeã mundial tenha sido eliminada.

  • Uma baleia na eleição

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 13/08/2004

    O Rio de Janeiro já foi um porto pescador de baleias. Elas entravam na baía de Guanabara e ali ficavam bailando, como área de alimentação e de criação. Os homens as espantaram na matança secular a que a espécie foi submetida.

  • Um tiro no pé

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 06/08/2004

    Em agosto de 1954, exatamente no dia 5, completando agora 50 anos, ocorreram o atentado da rua Tonelero a Carlos Lacerda e a morte do major Rubens Vaz, início do processo que levaria à morte de Vargas. Lacerda foi o maior orador parlamentar que conheci. Ele sabia ser violento, contundente, sarcástico e temerário. Mas era brilhante.

  • Europa, verão e balas

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 30/07/2004

    Na Áustria, em Salzburgo, cidade onde nasceu Mozart, capital da música, reuniu-se o Conselho Mundial de ex-presidentes e chefes de governo, do qual faço parte, para discutir os problemas da atualidade, objeto de análise e de reflexão em todos os fóruns.

  • Mercosul, uma vez mais

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 22/07/2004

    A conversão do Mercosul, pensado como mercado comum, em uma área de livre comércio cujo objetivo principal passou a ser a tarifa zero, transformação acordada pelos presidentes Menem e Collor, construiu uma mentalidade, na Argentina e aqui, de que a união do Cone Sul é apenas um objetivo de comércio.

  • O sofá das infidelidades

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 16/07/2004

    A cada eleição, todas as forças imaginativas se conjugam para evitar deslealdades partidárias. No pleito passado, o próprio Tribunal Superior Eleitoral tomou a frente e quis meter uma camisa-de-força nos partidos. O resultado foi uma balbúrdia sem tamanho: tornou caótico o quadro partidário, a não ser nos acordos escondidos, muitos deles bem cabeludos. É que o problema é bem mais profundo.

  • Considerações sobre a burrice

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 09/07/2004

    Sou daqueles que não acreditam nessa história de o governo ter determinado o banimento total das emendas orçamentárias das oposições, inclusive a da Fundação Irmã Dulce, considerada pefelista. Isso seria provocar a ira do céu e da terra, isto é, uma grandiloqüente burrice. E quem está no poder jamais é burro. Afinal, o Orçamento federal é um instrumento de ordenação do governo, a peça principal de tudo, o chamado cofre, aquele que dom João 6º pedia que embarcassem em primeiro lugar quando fugiu de Lisboa para o Brasil.

  • O perigo de Bush aceitar sugestões

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 02/07/2004

    Numa dessas minhas sextas-feiras, nessa tarefa nem sempre árdua de encontrar temas, escrevi sobre a Guerra do Iraque e defendi a tese de que o único resultado visível dela foi a prisão de Saddam Hussein, por cujo pescoço George Bush está lambendo os beiços. E disse que, se o objetivo era o de varrer ditadores, mais fácil seria invadir o Turcomenistão, onde um presidente não está fazendo coisas muito ortodoxas.

  • Um velho arretado

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 25/06/2004

    É inevitável, sendo político e sempre em campo oposto, não escrever sobre Leonel Brizola, que tinha na alma a herança dos caudilhos irredentos do Rio Grande do Sul, como Bento Gonçalves, Davi Canabarro e tantos mais, indormidos, de lança em punho, prontos para a peleja e a degola. Foi um pelejador.

  • Lampião e o Iphan

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) e Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 18/06/2004

    Não me comove a tese de que o São João é cafona e coisa de retirante nordestino. Certamente vem de um acúmulo de tradições, que vão das fogueiras, dos angus, das canjicas, milho e batatas-doces assadas, do ritmo das zabumbas, das matracas, do elo fortuito do compadresco de fogo até as simulações de vestes caipiras. As ladainhas e quadrilhas são um quadro à parte.

  • Mister se torna neoliberal

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 11/06/2004

    As palavras , como tudo na vida, sofrem a ação inexorável do tempo. Nascem, amadurecem, têm seu instante de esplendor e depois morrem. Ao contrário dos seres vivos, ficam insepultas. Veja-se a palavra "sevandija". No século 19, não se escrevia um artigo, uma catilinária, sem que ela fosse empregada. Hoje, ninguém mais se lembra do que é. Caiu no túmulo das palavras mortas. Até ficou um título de saber conhecer palavras arcaicas. Luís Carlos Bello Parga, que foi senador e um dos mais cultos colegas que tivemos naquela Casa, era respeitado porque "sabia línguas mortas" e gastava seu lazer em traduzir inglês arcaico.