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Artigos

  • O alfinete de ouro de Jocasta

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/11/2005

    Apesar da avacalhação que Freud promoveu contra ele, Édipo continua sendo um dos personagens mais importantes e fascinantes da literatura universal. Dentro do simplismo filosófico que o marcou, o pai da psicanálise extraiu do rei de Tebas o detalhe mais insignificante da tragédia de Sófocles. Ao contrário do que Freud imaginava e fez uma multidão de seguidores imaginar, Édipo não amava a mãe, muito menos a desejava, não possuía nada daquele complexo a que deu o nome. A verdade é simples: Édipo não tinha complexo de Édipo.

  • Genealogia do nada

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/11/2005

    Aprendi com um professor, lá no seminário em que estudei, que só há duas maneiras de enfrentar uma situação difícil como a que agora atravessamos, quando suspeitamos que tudo vai mal na vida pública, de tal forma que, independentemente de estarmos certos ou errados, de estarmos ou não envolvidos pessoalmente na crise, sempre sobra alguma coisa para o nosso lado.

  • Textos & contextos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/11/2005

    Um filósofo, desses que abundam por nossas plagas, provou que Deus não existe. Descobriu um trecho na Bíblia que diz: "Deus não existe". Foi um pânico entre os devotos. Então o Livro dos Livros declarava a inexistência de Deus?

  • "Abram isso! Abram isso!"

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/11/2005

    Deodoro estava com uma crise, dizem que de hemorróidas. Não se trata de doença letal, mas aporrinha pra burro, dá um mau humor desgraçado. No mais, tudo estava bem para os lados dele, era o chefe inconteste do Exército Nacional, amigo de dom Pedro 2º (mas não aproveitador), respeitado pelos companheiros que nele viam realmente um chefe.

  • Favas contadas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/11/2005

    É raro o dia em que, ao abrir minha caixa eletrônica, não encontre, ao lado de esculhambações diversas e merecidas, o pedido de gente aflita, recorrendo ao cronista em busca de uma solução para as coisas que estão acontecendo no Brasil e no mundo.

  • Água de barrela

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/11/2005

    Dou um doce, dou uma tonelada de doces a quem souber contar direitinho, com algum sentido e sem nenhum preconceito, tudo o que está havendo em matéria de escândalos na vida pública. Poderia parecer um samba do crioulo doido, mas é bem mais do que isso. Na sátira do Ponte Preta, os fatos amontoados eram remotos, misturava Tiradentes, JK e Pedro Álvares Cabral, era um samba realmente doido, mas tinha lá seu método.

  • Efeitos e causas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/11/2005

    Francamente, é duro um profissional da mídia voltar-se contra ela, acusando-a de comer mosca em dois casos que irritam e envergonham a sociedade, esponjando-se num tipo de espetáculo que funciona em telenovelas ou romances de costumes, mas só agrava a realidade da crise que atravessamos.

  • Jean-Paul Sartre e o colesterol

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/11/2005

    "Depois de Sartre, quem?" foi a manchete de um jornal francês para apresentar os possíveis candidatos a ocupar o lugar do autor de "A Náusea", morto em 1980 e cujo centenário de nascimento está sendo comemorado este ano. A relação apresentada pelo "Le Matin de Paris" incluía todos os intelectuais que ameaçavam conquistar a "pole position" que, de um modo ou outro, pertencera por formação e linhagem à cultura francesa. Foram citados, entre outros, mas sem muita convicção, Bourdieu, Garaudy, Derrida, Lévy-Strauss, Merleau-Ponty, Foucault, Debray etc.

  • Guerra geral

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/11/2005

    O século 21 mal está começando e já podemos prever o que nos espera, ou melhor, o que espera a vós outros, a humanidade toda, nela não mais me incluindo - atingi o prazo de validade e, mais dia menos dia, serei retirado das prateleiras e jogado no lixo.

  • Os vilões de cada dia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/11/2005

    A crise política que atravessamos está confirmando aquela sovada frase segundo a qual cada um pode, na aldeia global, ser famoso por 15 minutos. Bem verdade que a fama nem sempre equivale a uma glória ou a um heroísmo cívico ou pessoal. Não fui eu quem inventou a palavra "fama" -aliás, não inventei palavra alguma: ela pode gerar o famoso e o famigerado, o que nem sempre dá na mesma.

  • Saudavelmente corretos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/11/2005

    Jornal aqui do Rio publica foto do local onde vivia um dos traficantes mais procurados pela polícia carioca, um tal de Sassá, 34 anos, que lidera o tráfico em 11 favelas, responsável pela maioria dos confrontos que provocaram interdições nas linhas Vermelha e Amarela.

  • A bela Helena

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 31/10/2005

    Noite do último sábado. Repetindo um macete atribuído aos gregos, policiais disfarçados aqui do Rio instalam seu cavalo de Tróia na Rocinha. Alugam um barraco na zona do tráfico mais pesado da mais pesada favela carioca. Pela fresta de um aparelho de ar refrigerado, vêem o ponto onde mais se vende droga naquele morro.

  • Leite derramado

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/10/2005

    Até onde vai minha memória, em meus muitos anos de crônica, nunca passei uma semana falando de um só assunto. Mas o referendo do último domingo tanto me espantou que aqui estou eu para comentá-lo mais uma vez, sem a autoridade de ter tomado parte nele, nem ativa nem passiva, antes pelo contrário.

  • Endireitando as coisas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/10/2005

    Parece um ato falho da esquerda nacional: volta e meia clama pela necessidade de "endireitar" as coisas, ou seja, endireitar a vida nacional, o Congresso, o sistema como um todo, os indivíduos em particular.

  • Revistando a obra de Herberto Sales

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/10/2005

    Publicado em 1944, quando Herberto Sales tinha 27 anos, "Cascalho" é o imenso romance que logo se colocou ao lado das grandes obras do nosso ciclo nordestino, iniciado com José Américo de Almeida e prolongado por Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado e Rachel de Queiroz.